quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Locomotiva desgovernada













Durante muito tempo os paulistas vomitaram orgulhosamente sua condição (autoproclamada) de “locomotiva do Brasil”.

Não que hoje tenham deixado de vomitá-lo, mas atualmente são os únicos que ainda acreditam nessa arrogante baboseira.

Acham, sinceramente, que destinar as terras produtivas para monoculturas que servem aos desígnios do mercado externo, diminuindo o número de empregos no campo e deteriorando as condições de trabalho dos poucos que restam, é progresso.

Sentem-se felizes por possuírem uma das maiores e mais ricas cidades do planeta, sem se preocupar com o fato de ser também ela uma das cidades mais desiguais e violentas desse mesmo planeta em questão.

Concordam em pagar pedágios pornográficos para rodar alguns poucos quilômetros em qualquer direção, bem como defendem que uma universidade pública e gratuita de qualidade é menos importante do que torná-la mais elitista do que já é, com a cobrança de mensalidades.

Consideram-se os mais cosmopolitas do país, e dizem receber calorosamente as pessoas vindas de fora em suas cidades, contanto que sejam europeus ou estadunidenses. Africanos, latino-americanos, e mesmo nordestinos, nunca são bem-vindos.

Por fim, acreditam piamente que a falta de água é culpa inteiramente da natureza, e que a gestão hídrica do Estado vem sendo realizada de forma correta nos últimos 20 anos, se prontificando a tomar banhos mais curtos em prol do meio ambiente.

Por essas razões, uma rápida olhada nas pesquisas eleitorais desse ano mostra que os paulistas realmente estão de acordo com tudo que acontece em seu Estado, escolhendo para representá-los velhos conhecidos ou, no mínimo, figuras conservadoras da sua decadente “hegemonia”.

Alckim liderando com folga no governo, com Skaf em segundo.

Serra, sempre ele, com muitas chances de ser o senador eleito.

E hoje saiu a lista dos deputados federais mais votados: Tiririca, Russomano, Maluf, Baleia Rossi e Marco Feliciano.

Em resumo, os paulistas estão contentíssimos com seu Estado, e os que não querem continuidade, querem mais retrocesso.

Não querem saber de bicicletas, ônibus, casamento gay e descriminalização das drogas.

Querem competitividade no mercado, polícia nas ruas e religião na política.

Insistem na ultrapassada história do progresso econômico.

No discurso do Estado do desenvolvimento.

Querem continuar acreditando que são a locomotiva.


Sem se dar conta que as locomotivas não existem mais.