Durante
muito tempo os paulistas vomitaram orgulhosamente sua condição (autoproclamada)
de “locomotiva do Brasil”.
Não
que hoje tenham deixado de vomitá-lo, mas atualmente são os únicos que ainda
acreditam nessa arrogante baboseira.
Acham,
sinceramente, que destinar as terras produtivas para monoculturas que servem aos
desígnios do mercado externo, diminuindo o número de empregos no campo e
deteriorando as condições de trabalho dos poucos que restam, é progresso.
Sentem-se
felizes por possuírem uma das maiores e mais ricas cidades do planeta, sem se
preocupar com o fato de ser também ela uma das cidades mais desiguais e
violentas desse mesmo planeta em questão.
Concordam
em pagar pedágios pornográficos para rodar alguns poucos quilômetros em
qualquer direção, bem como defendem que uma universidade pública e gratuita de
qualidade é menos importante do que torná-la mais elitista do que já é, com a cobrança
de mensalidades.
Consideram-se
os mais cosmopolitas do país, e dizem receber calorosamente as pessoas vindas
de fora em suas cidades, contanto que sejam europeus ou estadunidenses. Africanos,
latino-americanos, e mesmo nordestinos, nunca são bem-vindos.
Por
fim, acreditam piamente que a falta de água é culpa inteiramente da natureza, e
que a gestão hídrica do Estado vem sendo realizada de forma correta nos últimos
20 anos, se prontificando a tomar banhos mais curtos em prol do meio ambiente.
Por
essas razões, uma rápida olhada nas pesquisas eleitorais desse ano mostra que
os paulistas realmente estão de acordo com tudo que acontece em seu Estado,
escolhendo para representá-los velhos conhecidos ou, no mínimo, figuras conservadoras
da sua decadente “hegemonia”.
Alckim
liderando com folga no governo, com Skaf em segundo.
Serra,
sempre ele, com muitas chances de ser o senador eleito.
E
hoje saiu a lista dos deputados federais mais votados: Tiririca, Russomano,
Maluf, Baleia Rossi e Marco Feliciano.
Em
resumo, os paulistas estão contentíssimos com seu Estado, e os que não querem
continuidade, querem mais retrocesso.
Não
querem saber de bicicletas, ônibus, casamento gay e descriminalização das
drogas.
Querem
competitividade no mercado, polícia nas ruas e religião na política.
Insistem
na ultrapassada história do progresso econômico.
No
discurso do Estado do desenvolvimento.
Querem
continuar acreditando que são a locomotiva.
Sem
se dar conta que as locomotivas não existem mais.