As
manifestações de junho do ano passado foram um exemplo muito didático do
movimento de contra-ataque que se projeta no atual cenário político não apenas
brasileiro, mas mundial.
Em
termos futebolísticos, o contra-ataque é o movimento em que, após receber uma
forte investida do adversário, determinado time constrói uma jogada rapidamente,
visando se aproveitar de uma defesa desguarnecida pelo esforço empreendido em
atacar.
Após
armar um grande ataque contra o aumento da passagem, o desfecho violento das
manifestações de 2013 desarrumou a defesa de seus executores, e rapidamente a
mídia e o governo construíram um contra-ataque que contagiou o país.
De
lá pra cá, o jogo ficou aberto.
Os dois times passaram a se atacar mutua e cegamente, e os torcedores se exaltaram
a tal ponto que qualquer que fosse o vencedor nas últimas eleições haveria
briga do lado de fora do estádio.
Mesmo
que até agora pontuais, começam a despontar preocupantes pedidos de impeachment
e de retorno aos tempos do militarismo no Brasil, em resposta a uma suposta
ameaça comunista que deve estar fazendo Marx se revirar no túmulo.
Depois
de 12 anos no poder, a esquerda brasileira (eu ainda insisto que o PT
representa um tipo de esquerda) teve a vitória mais apertada nas eleições, mas
esse movimento de contra-ataque não parece se restringir ao nosso país.
Após
um governo internacionalmente reconhecido, a esquerda uruguaia representada por
Mujica não teve vida fácil nas eleições, e mesmo que volte a ganhar no segundo
turno não será uma vitória muito folgada - e pelo que entendi, será menos
radical.
Evo
Morales, mesmo com a vitória fácil na Bolívia está longe de ser unanimidade,
assim como a Venezuela enfrenta uma grave crise interna e a Argentina luta
eternamente contra seu conservadorismo – sem falar no Chile.
Após
um grande levante esquerdista na América do Sul na última década, a águia
mostra suas garras novamente, preocupada também com outro levante mais amplo
contra seus domínios.
Flertando,
não tão claramente como parece, com a esquerda, China, Índia, Rússia, Brasil e
África do Sul têm se reunido para criar um novo arranjo para o Terceiro Mundo,
gerando expectativas sobre o futuro da periferia mundial.
Mas
esses movimentos de ascensão da esquerda sul-americana (ainda que agora em
declínio) e de avanço dos BRICS não são ao acaso.
Ao
que parece, esses levantes da periferia acontecem em momentos de crise do
império, e pelo menos até agora a História mostra que o contra-ataque é sempre
fulminante.
Dando
nome aos bois, nos Estados Unidos a caça aos árabes, negros e latinos é cada
vez mais violenta, ao mesmo tempo em que na sua parceira União Européia a
ultra-direita vai ganhando um apoio de deixar qualquer um ressabiado e o
conservadorismo latino-americano toma corpo.
Circulam
boatos, inclusive, de que os EUA e a UE têm conversado visando à formação de um
novo bloco econômico, como resposta aos recentes esforços dos ousados países
citados nesse texto para construir uma nova ordem mundial.
Ao
que tudo indica, o império contra-ataca.
Que
a força esteja conosco!
Um comentário:
Vai ser a Guerra: cima X baixo / norte X sul / pobres X ricos / direita X esquerda. Que a FORÇA esteja MESMO conosco! Muack :*
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