segunda-feira, 6 de julho de 2009

Morrumbala


Algumas pessoas pediram pra eu falar sobre minha viagem.
Então aí vai...
Essa foto foi no meu primeiro dia em Morrumbala.
Primeiras impressões.
Um tanto quanto surreal, não?
Aqueles quadros do Dali, com elefantes, relógios e etc.
O cara era criativo, temos que admitir.
Ele olhava pra realidade e pintava uma viagem da cabeça dele.
Baseado (muuuuito baseado) na realidade, claro.
Mas dessa vez parece que aconteceu o contrário.
Deus olhou um quadro do Dali e disse:
- Poxa, que interessante. Vou fazer igual.
E assim se fez Morrumbala.
Pra vocês verem, né...
Até Deus, na Criação, usou essa coisa do “baseado em fatos reais”.
Péssima piadinha de duplo sentido.
Além de heresia gravíssima.
Mas como eu disse esse foi o primeiro dia.
Eu tinha acabado de chegar.
Estava dentro de casa ainda.
E eu era louco de sair?
Como eu não conhecia o lugar, parecia estranho.
Mas estranho repetido vira normal.
E aí eu fui me acostumando.
Mesmo porquê a neblina foi só no primeiro dia.
E aos poucos aquele surreal se tornou rotineiro.
O surreal virou real.
Na verdade mudou o ponto de vista.
Eu, de dentro de casa, via o meu quintal como algo surreal.
Surreal porquê eu não o conhecia.
A surrealidade, fazer o quê, vinha de dentro de mim.
Não era o mundo que era estranho, e sim eu.
Então na hora de ir embora resolvi inverter também.
Resolvi trocar de ponto de vista.
Ao invés do quintal visto da casa, olhei a casa a partir do quintal.
Não era como eu via o mundo, e sim como o mundo me via.
E não é que a vida é mesmo mais simples do que parece?
Às vezes nossa mente imagina coisas absurdas.
Surreais.
Tentamos imaginar algo mais bonito do que o real.
Mas às vezes o real também é bonito.
Às vezes não, quase sempre.
Basta prestar atenção.
O simples também pode ser bonito.
Olhem a foto tirada de fora pra dentro.
Não é a coisa mais real possível?

A coisa mais simples possível.
Mas não deixa de ser bonito.
Algo que Dali talvez não tenha sido criativo o suficiente para pintar.
Ou talvez algo que ele tentava não enxergar...






Pra finalizar, um flagrante da origem da surrealidade.
O Homem!
Esse aí, no caso, se chama Ruy.


3 comentários:

Unknown disse...

Oi guiça!

Adorei o texto e as fotos! Reflexões muito interessantes...


Beijinhos,
Patty

Fellipe Duarte, O Chueco disse...

O cara chega em Morrumbala em Moçambique, mas em São Luiz no carnaval não!

Ruy Monteiro disse...

Poxa Guiça, não tinha visto os posts ainda, nessa minha sempre falta de compromisso com a realidade e o tempo, não é? Para também não cair no óbvio da divagação vai um grande PORRA MANO DU CARAIO, bem brasileiro, para os posts. Sei que caí no outro óbvio do chutar o pau da barraca, mas outro bem brasileiro FODA-SE. E um sincero, obrigado por me lembrar do Brasil aqui no meio de tanto moçambique. Agora que estou só, choro todas as noites (KKKK). Até parece! Cuidado que qualquer dia eu baixo ai no brasil pra te buscar de volta, rss. Não imaginava que essa viajem ao interior tinha te levado pra tanto pensamento... adorei eu como a origem do surrealismo rss