Ainda
que o clima de xenofobia e falta de respeito instaurado com o segundo turno das
eleições presidenciais tornem isso perigoso, inicio meu texto afirmando que já
fiz minha escolha para a disputa.
Não
foi minha escolha para o primeiro turno, mas o faria sem problema nenhum.
Votei,
no domingo passado, na Luciana Genro, entendendo que uma guinada mais radical à
esquerda se fazia necessária, e também por simpatia aos posicionamentos da
candidata em diversos temas, mas tinha consciência de que não seria um voto
vitorioso.
Assim,
e apesar de saber que muitos eleitores do PSOL não pensam como eu, votei nela
certo de que no segundo turno votaria para a reeleição da presidenta Dilma.
Nesse
momento provavelmente muitos já estão inquietos, reunindo argumentos para
contestar minha escolha e talvez até elaborando xingamentos que se enquadrem
nas minhas características pessoais.
Infelizmente,
a disputa à presidência mais uma vez caiu no velho embate entre PT e PSBD,
levando consigo tudo que essa disputa contém.
O
pessoal do centro-sul, como sempre, destila seu ódio sobre os que consideram vagabundos
e incapazes de pensar, pelo fato exclusivo de não votar como eles e de ousarem
participar da escolha do futuro do país que, pasmem, é de ambos.
Em
ambos os lados da disputa, o maior esforço empreendido pelos eleitores é o de
atacar e desmerecer o adversário, usando e abusando de retornos ao passado e
informações duvidosas que supostamente tiram qualquer possibilidade de legitimidade
do outro.
Quero
deixar claro, mais uma vez, que não pretendo ser imparcial, e afirmo novamente
que votarei e prefiro a Dilma do que o Aécio e as idéias do seu partido, mas
reconheço que esses mecanismos de ataque são usados dos dois lados (e admito
que é muito tentador usá-los, no que tenho tentado evitar).
Essa
prática violenta, apesar de útil eleitoralmente, tira o foco das propostas que
cada candidato tem para o país, que apesar de estarem disponíveis na internet,
são praticamente inacessíveis ao eleitorado, seja por condições técnicas, seja
por falta de tempo de ler tudo aquilo.
Contudo,
talvez pela minha formação em Geografia, tenho especial interesse na questão da
política externa, e apesar de saber que não é a única, nem mesmo a mais
importante de todas para o país, pessoalmente considero fundamental para fazer
minha escolha.
E
nesse ponto considero a opção por Aécio um retrocesso sem tamanho.
Não
faltam possibilidades de crítica aos governos Lula e Dilma, mas na questão das
relações exteriores, não tenho dúvidas de que o avanço foi do nível “nunca
antes na história desse país”.
Ainda
que não tenha sido o rompimento que eu desejava, a diminuição da dependência
dos EUA e da Europa são de se comemorar, mas o que mais me animou foi a
aproximação com os países da América Latina e da África e, mais recentemente, o
fortalecimento da relação com os BRICS.
Me
parece meio claro que a hegemonia ocidental está em franca decadência, e não
precisa ser nenhum especialista para entender que a China já se consolidou como
uma nova candidata à liderança.
Essa
liderança, porém, nos tempos de hoje é necessariamente compartilhada,
multi-polar, e as alianças com a Rússia, Brasil, Índia e África do Sul são
consideradas fundamentais para os chineses.
Aliado
com esses países, integrado com a América Latina e dialogando com a África, o
Brasil parece caminhar, se não para a desejada autonomia, para uma melhor
condição de inserção no sistema mundial, principalmente no Terceiro Mundo.
Tenho
para mim que a saída não está em olhar para o Norte, que pouco a pouco perde
seu encanto e é, inclusive, gradualmente tomado pelos imigrantes dos países que
há pouco tempo explorava sem dó.
Mas
Aécio Neves não pensa assim.
Ele
insiste em se reaproximar dos EUA e da Europa, e tudo leva a crer que todo o
esforço em prol de uma união entre as Américas, a África e a Ásia, vai ser
engavetada novamente, pelo menos por essas bandas.
E
é por isso, mas não apenas, que voto em Dilma.
Espero
que minha reflexão tenha contribuído um pouco para o debate acerca do segundo
turno, tentei pensar nas propostas e possibilidades que os candidatos têm para
um determinado assunto, mas sem perder de vista que estava me posicionando
claramente.
Gostaria
que o debate fosse ampliado, mas se possível sem ofensas e desqualificações.
Certamente
tenho vontade de fazê-lo também, mas penso que, mesmo que a duras penas, o
controle é importante.
E
a discussão de idéias passa por ele.
Um comentário:
Quando invadiram nosso país e tentaram fazer lavagem cerebral na galera que aqui estava, já começava aí o início do PSDB. Desde então, a massa manipulável acredita que é muito mais vantagem estar ao lado dos ditos ricos e poderosos como EUA e Europa, do que iniciar uma aliança com os demais. Pois não fomos educados a ver vantagem nisso. É tudo um jogo para que as pessoas vejam vantagem ou não. Pelo condicionamento educacional, quem vai querer aliança com a África? O PT inseriu ensino de África, retomou os estudos de filosofia e sociologia nas escolas. Não está ideal, claro, mas é um passo. Um passo que desde a ditadura demorou muito para se iniciar. Meu medo - sim, medo. Muito medo! - é de que o PSDB pise em cima de tudo isso que se iniciou, principalemente em relação às alianças externas, como também, na educação! Como professora, estou de luto pelo Paraná e São Paulo onde a maioria é PSDB. Mas sigamos às utopias, pois são elas que nos fazem seguir em frente! Sou Dilma e estamos juntos nessa, companheiro! (hahahahaha, uma brincadeirinha pra concluir...) Beijos, te amo!
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