A
goleada sobre o Danubio ontem foi irrepreensível.
Claro
que, em alguns momentos, pareceu que os uruguaios podiam complicar um pouco,
mas desde o começo o São Paulo foi senhor do jogo, e não cheguei a pensar que
sairíamos do Morumbi sem a vitória.
O
destaque do jogo, porém, nesse caso um destaque negativo, foi o público: 16.689
torcedores, o pior público do Morumbi na Libertadores em 23 anos, segundo o
UOL.
Aceito
o argumento de que a chuva do final da tarde esfriou um pouco os ânimos, mas
acho que ela é, de longe, a menor culpada pelo esvaziamento do estádio.
Não
tenho a menor dúvida de que o preço ridículo e a confusão para comprar os
ingressos tenham sido os principais responsáveis pela ausência do torcedor, até
porque foi exatamente por isso que não fui ao jogo.
Mas
se tudo isso me irrita profundamente, infelizmente não vejo nenhuma novidade ou
anormalidade na situação.
Freqüento
o Morumbi desde o início da década de 90, e nunca, mas nunca mesmo, foi tarefa
fácil comprar ingresso.
Seja
em final de Libertadores, seja na fase de grupos do Paulista, a compra de
ingressos geralmente exigia artimanhas e muita paciência.
Nesses
25 anos de Morumbi, nunca consegui ver uma fila de bilheteria que funcionasse
sem que os cambistas passassem na minha frente 30 vezes impunes, e sem que o
maldito cadastro da empresa responsável pela venda não tomasse 15 minutos de
cada comprador.
Lembro-me,
inclusive, das piadinhas de estádio com a empresa denominada Ingresso Fácil.
Em
jogos decisivos, então, a melhor solução para conseguir um ingresso era dar um
drible no trabalho pra ir a um ponto de venda no meio da semana à tarde, porque
senão ficava sem ingresso mesmo.
A
única fase em que realmente consegui comprar meus ingressos sem problema algum
foi nos últimos 2 anos, quando por 10 reais foi possível comprá-los pela
internet com o cartão de crédito.
De
qualquer maneira, e apesar do preço justo e acessível, esse tipo de compra não
resolve os problemas, pois é destinada a um pequeno setor do estádio e restrita
aos que possuem cartão de crédito.
O
preço alto dos ingressos é, também, uma nova velha história.
Lembro
dessa discussão na Libertadores de 2005, quando na fase final o São Paulo subiu
bem o preço dos ingressos e deixou fora desses jogos a torcida que apoiou o
time no início do torneio.
Até
concordo que pela procura, o preço do ingresso para Libertadores deva ser
diferente, mas 120 reais é algo fora da realidade.
A
solução é virar sócio-torcedor às pressas, mas pelo que li sobre ontem, nem
eles conseguiram seu ingresso facilmente.
Posso parecer ingênuo, mas será que é tão difícil assim vender ingressos?
Será
que em 25 anos não seria possível criar uma forma de facilitar, pouco que seja,
a ida de torcedores ao estádio?
Marx
dizia que a história se repete, primeiro como tragédia e depois como farsa.
Tenho
a impressão de que estamos na segunda fase.
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