Foram
2 meses diferentes.
Diferentes
dos 18 que passei aqui antes.
Aquela
foi uma época de descobertas.
Era
tudo novidade.
Me
sentia numa aventura.
Em
todos os lugares.
Viajando.
Andando
na rua.
Em
casa.
O
mundo se abria diante dos meus olhos.
A
cabeça fervilhava.
O
coração palpitava.
Talvez
fosse a idade.
A
época da minha vida.
Não
queria voltar.
E
quase não voltei.
Agora
é diferente.
Moçambique
não é mais novidade.
Mas
isso não quer dizer que não aprendi.
Muito
pelo contrário.
É
que geralmente encanta-se pelo novo.
Pelo
desconhecido.
Pelas
descobertas.
Mas
não pela sua casa.
Você
pode gostar muito dela.
Mas
não se encanta cada vez que entra.
É
a mesma coisa aqui hoje.
Foi
um período de reencontros.
Os
amigos de antes.
Os
lugares.
Os
sabores.
Os
cheiros.
Andei
despreocupado na rua.
Sem
a ânsia de conhecer.
De
fotografar.
Apenas
de fazer parte.
Olhei
melhor os problemas.
Que
são muitos.
E
que meu encanto passado cegava.
Mas
isso é bom.
Pois
toda casa tem problemas.
Hoje
acho que posso criticar mais.
Sem
medo de ser ingrato.
Ou
superficial.
Eu
tinha uma dúvida antes.
Por
muito tempo me perturbou.
Na
verdade era uma escolha.
Moçambique
ou Brasil.
Hoje
entendo melhor.
Não
preciso escolher.
Posso
viver no Brasil.
Sem
perder o contato com Moçambique.
Um
pé aí, outro aqui.
A
academia é um caminho.
Os
amigos são a garantia.
Garantia
que faço parte daqui.
Pouco
que seja.
Por
isso digo de desencanto.
A
repetição vira rotina.
E
a rotina não encanta.
É
minha terceira vez aqui.
Por
períodos consideráveis.
Posso
dizer que estou em casa.
Com
suas virtudes e problemas.
Mas
em casa.
Em
kaya.
O
encanto passou.
Mas
o carinho cresceu.
Que
venham mais vezes.
Por
hora tenho que voltar.
Pois
o bom filho à casa torna.
Cedo
ou tarde, torna.
E eu, por sorte, tenho duas.