segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Pinceladas Geográficas de Moçambique

Moçambique é fronteira.
Fronteira enquanto espaço de transição.
Entre Estados ou entre culturas.
Moçambique é a fronteira sul do islamismo.
Fronteira sudoeste da cultura indiana.
Fronteira entre esses mundos e o universo bantu.
Se é que ainda é possível falar nesses termos.
E há muito tempo é assim.
Mesmo antes dos europeus chegarem.
Moçambique também é fronteira de expansão.
Território a ser explorado.
Fronteira de expansão da China.
De seus produtos e de sua busca por minérios.
Fronteira de expansão brasileira.
Pública e privada.
De Embrapas e Vales.
Fronteira de expansão do capitalismo financeiro.
O Banco Mundial não está lá se divertindo.
Muito menos os EUA.
Mas Moçambique não é só fronteira.
Transição, margem, periferia.
Moçambique também é centro.
É central.
Central para a África Austral.
Saída para o mar de quase todos os países vizinhos.
Swazilândia, Zimbabwe, Zâmbia, Malawi.
Seu sistema de transportes comprova.
A circulação é voltada para fora.
Mais do que integrar o país, integra a região.
Mas Moçambique não é central apenas para seus vizinhos.
É central, sobretudo, para os moçambicanos.
O centro de seus mundos.
A referência deles perante o mundo.
Vêem e organizam o mundo a partir de Moçambique.
E é dali que o mundo se irradia.
Não existem lugares periféricos.
Todo lugar é central.
Central para quem está nele.

Um comentário:

Rogers disse...

É muito bom saber que Moçambique e sua gente ficaram num cantinho da sua memória