sexta-feira, 25 de abril de 2014

Datas



40 anos da Revolução dos Cravos em Portugal.
20 anos do fim do apartheid na África do Sul.
Distantes duas décadas entre si.
Distantes alguns milhares de quilômetros.
Mas relacionados.
Por Moçambique.
1974.
Moçambique era ainda colônia.
Mas lutava para mudar isso.
Literalmente.
Desde a década de 60, a luta se arrastava.
Não só em Moçambique.
Em toda a África portuguesa.
Com isso, Portugal se enfraquecia.
Gastava o que não podia com o exército.
Fazia de tudo pra manter suas colônias.
E deixava seu povo cada vez mais de lado.
Esse povo foi ficando insatisfeito.
E o exército também.
Afinal, as guerras não acabavam.
Mas Salazar batia o pé.
Até que não deu mais.
Povo e exército se juntaram.
Uma união, digamos, incomum.
Mas aconteceu.
25 de Abril de 1974.
Dia da Revolução dos Cravos.
Era o fim do Estado Novo em Portugal.
Era o fim das guerras coloniais.
Em setembro, os Acordos de Lusaka foram assinados.
Portugal reconhecia a independência moçambicana.
Que se efetiva em 1975.
Moçambique, enfim, se libertava.
Mas um vizinho seu não.
O apartheid vigorava intensamente na África do Sul.
Independente, Moçambique não parava de lutar.
O objetivo, agora, era ajudar na luta anti-apartheid.
E assim o fez, o quanto pôde.
Abrigou sul-africanos.
Deu apoio internacional.
Internamente, porém, a luta também não acabava.
A guerra de desestabilização arrasava o país.
E se Moçambique combatia o apartheid sul-africano.
O apartheid sul-africano combatia Moçambique independente.
Com mais recursos e poder militar.
Moçambique teve que ceder.
Em 1984, assina-se o Acordo de Nkomati.
A África do Sul parava de atacar Moçambique.
E Moçambique parava de combater o apartheid.
A semente, porém, estava plantada.
O apartheid resistia.
Mas a resistência a ele crescia mais e mais.
Na África do Sul, no continente africano e pelo mundo afora.
Durou ainda por mais 10 anos.
Mas acabou.
10 de maio de 1994.
Nelson Mandela assume a presidência sul-africana.
Exatos 20 anos e 15 dias após a Revolução dos Cravos.
Datas simbólicas.
Vitórias populares.
Políticas também, obviamente.
Mas, sobretudo, simbólicas.
Só tenho medo que se tornem apenas isso.
Portugal sofre com a “democracia” da União Européia.
Moçambique não tem respiros na luta.
O apartheid social ainda resiste na África do Sul.
Revolução, independência, igualdade.
Os nomes são bonitos.
A realidade, nem tanto.
A situação é bem melhor do que antes.
Sem dúvidas.
Mas o caminho é longo.
As dificuldades são enormes.
A resolução é demorada.
Complicada.
E não depende só deles.
Mas que as datas sirvam de exemplo.
Que mostrem que é possível mudar.
Que lembrem que é preciso mudar.
Que simbolizem momentos de resistência.
E que sejam comemoradas!

Um comentário:

Lika FRÔ disse...

Oi gorducho!
Adorei o texto. Pena que aqui os eventos africanos não são tão aclamados, mas já está muuuito melhor que tempos atrás. Comemoremos as gradações!