40 anos da Revolução
dos Cravos em Portugal.
20 anos do fim do
apartheid na África do Sul.
Distantes duas décadas
entre si.
Distantes alguns
milhares de quilômetros.
Mas relacionados.
Por Moçambique.
1974.
Moçambique era ainda
colônia.
Mas lutava para mudar
isso.
Literalmente.
Desde a década de 60, a luta se arrastava.
Não só em Moçambique.
Em toda a África
portuguesa.
Com isso, Portugal se
enfraquecia.
Gastava o que não
podia com o exército.
Fazia de tudo pra
manter suas colônias.
E deixava seu povo
cada vez mais de lado.
Esse povo foi ficando
insatisfeito.
E o exército também.
Afinal, as guerras não
acabavam.
Mas Salazar batia o pé.
Até que não deu mais.
Povo e exército se
juntaram.
Uma união, digamos,
incomum.
Mas aconteceu.
25 de Abril de 1974.
Dia da Revolução dos
Cravos.
Era o fim do Estado
Novo em Portugal.
Era o fim das guerras
coloniais.
Em setembro, os
Acordos de Lusaka foram assinados.
Portugal reconhecia a
independência moçambicana.
Que se efetiva em 1975.
Moçambique, enfim, se
libertava.
Mas um vizinho seu não.
O apartheid vigorava
intensamente na África do Sul.
Independente,
Moçambique não parava de lutar.
O objetivo, agora, era
ajudar na luta anti-apartheid.
E assim o fez, o
quanto pôde.
Abrigou sul-africanos.
Deu apoio
internacional.
Internamente, porém, a
luta também não acabava.
A guerra de
desestabilização arrasava o país.
E se Moçambique
combatia o apartheid sul-africano.
O apartheid
sul-africano combatia Moçambique independente.
Com mais recursos e
poder militar.
Moçambique teve que
ceder.
Em 1984, assina-se o
Acordo de Nkomati.
A África do Sul parava
de atacar Moçambique.
E Moçambique parava de
combater o apartheid.
A semente, porém,
estava plantada.
O apartheid resistia.
Mas a resistência a
ele crescia mais e mais.
Na África do Sul, no
continente africano e pelo mundo afora.
Durou ainda por mais 10
anos.
Mas acabou.
10 de maio de 1994.
Nelson Mandela assume
a presidência sul-africana.
Exatos 20 anos e 15
dias após a Revolução dos Cravos.
Datas simbólicas.
Vitórias populares.
Políticas também,
obviamente.
Mas, sobretudo, simbólicas.
Só tenho medo que se
tornem apenas isso.
Portugal sofre com a “democracia”
da União Européia.
Moçambique não tem
respiros na luta.
O apartheid social
ainda resiste na África do Sul.
Revolução, independência,
igualdade.
Os nomes são bonitos.
A realidade, nem
tanto.
A situação é bem
melhor do que antes.
Sem dúvidas.
Mas o caminho é longo.
As dificuldades são
enormes.
A resolução é
demorada.
Complicada.
E não depende só
deles.
Mas que as datas sirvam
de exemplo.
Que mostrem que é possível
mudar.
Que lembrem que é
preciso mudar.
Que simbolizem
momentos de resistência.
E que sejam
comemoradas!
Um comentário:
Oi gorducho!
Adorei o texto. Pena que aqui os eventos africanos não são tão aclamados, mas já está muuuito melhor que tempos atrás. Comemoremos as gradações!
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