Engraçado.
Os professores ficaram
mais de um mês em greve.
As universidades públicas
estão há 10 dias paradas.
E ninguém ficou nem aí.
Minto.
Alguns se indignaram.
Quando os professores
foram às ruas.
Fechando avenidas.
Parando o trânsito.
“Ferindo o direito de
ir e vir das pessoas”.
Esse era o discurso.
Os alunos estão sem
aulas?
Dane-se.
Não atrapalha ninguém.
Nem a economia.
Esse é o pensamento.
Ah, mas quando
atrapalha...
Os ônibus ficaram dois
dias em greve.
O metrô está também no
segundo dia.
E parece que o mundo
está acabando.
A mídia cobre como se
fosse guerra.
A polícia já começou a
colocar as manguinhas de fora.
O governo criminaliza
a greve.
E a justiça endossa.
A justificativa é padrão.
“A greve prejudica os
trabalhadores”.
Como se os metroviários
não fossem trabalhadores.
Prejudicados
normalmente.
Não em dias de greve.
Mas todos os dias.
A preocupação,
claramente, não é a com a população.
Com a dificuldade que
ela enfrenta em dias de greve.
Ônibus lotado tem todo
dia.
Trânsito tem todo dia.
Metrô falhando tem
todo dia.
Mas prejuízo
financeiro não.
Pelo contrário.
Quanto mais cheio o ônibus.
Quanto menos ônibus na
rua.
Mais lucro.
O metrô falha?
Acontece.
Mas quem está lá
dentro já pagou.
Agora, experimenta
paralisar por um dia.
Faça uma empresa
perder dinheiro.
Atrapalhe os planos do
governo.
Não sobra pedra sobre
pedra.
A mídia, claro, ajuda.
Incita o repúdio à
greve.
E muitas pessoas
entram na onda.
Sentem-se
profundamente prejudicadas.
Mas quando os
professores pararam nem ligaram.
Inclusive apoiaram.
Uma vez que não foram
incomodados diretamente.
“Tem que protestar
mesmo”.
“Vamos melhorar a
educação”.
“Fora Dilma!”.
Bastou incomodar, o
discurso muda.
“Oportunistas”
“Quem sai perdendo é o
trabalhador”.
“Também quero aumento
de salário”.
“E o direito de ir e
vir?”
O raciocínio é
simples.
Não atrapalhou?
Apoiado.
Atrapalhou?
Sou contra.
As empresas são sempre
contra.
O governo também.
Reconhecem o direito a
greve.
Contanto que não
atrapalhe.
Principalmente as que
atrapalham mais.
Principalmente na época
da Copa.
Assim, as greves agora
têm regras.
Regras para minimizar
o impacto das greves.
Pra que as greves não atrapalhem.
E pra que percam o
sentido de serem greves.
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