Como
todos sabem, sou são-paulino, e cresci frequentando o Morumbi.
Na
difícil tarefa de escolher o jogo mais emocionante de que participei (entre
clássicos e não-clássicos), acho que divido o título entre os dois São Paulo x
Palmeiras das Libertadores de 2005 e 2006.
Obviamente
que escolhi jogos em que o São Paulo saiu vitorioso, pois nem em uma homenagem
de centenário eu elegeria um jogo em que o Tricolor perdeu.
Escolhi
esses jogos não pelos jogos em si, que até foram bem emocionantes, mas pela
atmosfera das arquibancadas nas duas partidas.
Fui
a poucos clássicos na vida, comparado com jogos comuns, mas a atmosfera sempre
foi diferente.
Da
mesma forma, jogos da Libertadores tem um ar especial, e não é só pra nós
são-paulinos, como alguns costumam dizer, mas pra todos que a disputam.
Assim,
um clássico na Libertadores é um evento único, ainda mais sendo eliminatório, no
que os palmeirenses devem concordar, já que sua maior alegria não é o título da
Libertadores, mas as sucessivas eliminações do Corinthians no torneio, e a
santificação do goleiro Marcos.
E
foi essa história, de sucessivas eliminações de um rival na Libertadores, que
me mostrou o que é uma rivalidade de verdade.
Poucas
vezes vi a torcida do São Paulo tão afinada e empolgada quanto nesses dois
jogos em questão, cantando em uníssono, com até o pessoal da vermelha
levantando a bunda da cadeira.
Poucas
vezes fiquei tão preocupado em um jogo como quando o Edmundo, entrando sozinho
na área, levou uma rasteira por trás do Leandro, que foi expulso, e a
eliminação pareceu questão de tempo.
Poucas
vezes saímos tão satisfeitos e cantando do estádio quanto nesses jogos, pra mim
mais do que na própria final de 2005 em que fomos campeões.
Falo
tudo isso não pra tirar sarro das eliminações, mas pra deixar claro o quanto a
existência de um rival produz momentos marcantes na vida de um torcedor.
Porém,
como rival, não fico falsamente triste com o atual momento do Palmeiras.
E
quando digo rival, digo rival, e não inimigo.
É
óbvio que com o Palmeiras forte os campeonatos ficam mais emocionantes e os
clássicos mais inesquecíveis.
Mas
a má fase do rival é também um momento importante da rivalidade, e serve para alimentá-la.
Além
disso, as recentes decepções do Palmeiras são culpa inteiramente dele, e fico
muito feliz dos palmeirenses não deixarem de torcer e serem todos conscientes
de que a politicagem enfraquece a instituição.
Assim
como eu (falo por mim) tenho achado péssimas as pérolas soltadas pelo novo
presidente tricolor, que transformaram, por exemplo, uma negociação delicada
como a transferência do Kardec, em uma ofensa e uma guerra entre os dois
clubes.
Estimular
a rivalidade não é fazer o que nosso presidente tem feito.
De
qualquer maneira, não devo esconder que dei aquela risadinha na hora que o
Kardec fez o gol no finzinho do clássico, que até meu amigo palmeirense Chueco,
que via o jogo comigo, foi obrigado a achar engraçado (certo Chueco?).
Pois
a rivalidade é isso.
Ao
mesmo tempo em que nos esforçamos pra zombar do rival, reforçamos a importância
da sua torcida e da sua instituição em nossa vida de torcedor.
Assim
sendo, vida longa ao Palmeiras.
Pro
bem do futebol, que saia dessa situação o mais rápido possível.
Pro
bem da rivalidade, que fique nesse sobe e desce, mais desce do que sobe, por
mais tempo.
Mas
que tenha mais momentos bons.
Pra
que tenhamos mais jogos como aqueles da Libertadores.
Porque
é vitória nossa na certa!
Um comentário:
Belo texto Guiça!
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