segunda-feira, 14 de julho de 2014

A Copa dos Extremos

Talvez seja a polarização política do Brasil hoje.
Em que ou se é uma coisa, ou outra.
Sem meio termo.
Talvez seja o Facebook.
E sua capacidade incrível de gerar opiniões.
Instantâneas.
Contundentes.
Foi a primeira Copa do Facebook.
Ok, em 2010 ele já existia.
Mas não era essa febre.
Ele foi o veículo da Copa.
Mais até do que a TV.
Que em muitas vezes foi esquecida.
Mesmo durante os jogos.
Pra ver o que o Facebook dizia.
E geralmente dizia os extremos.
É o melhor não sei o que de todos os tempos.
É o pior não sei que lá da história.
Eu sei que futebol é paixão.
Que, ao torcer, não se reflete muito.
É hora de gritar.
De xingar.
Amar, odiar.
Mas a Copa acabou.
E algumas ponderações se fazem necessárias.
Principalmente sobre os exageros.
Sobre os heróis e bandidos.
Os extremos da Copa.
A Alemanha foi campeã.
Parabéns.
Anos de treino.
De entrosamento.
Um belo trabalho.
Da seleção alemã.
Não confundir com o país.
Nada contra a Alemanha.
Mas se ganhar Copa fosse exemplo de sociedade saudável.
O Brasil não era penta.
O futebol alemão anda muito bem das pernas.
E a economia também.
É o que dizem pelo menos.
Mas sua política internacional não é bem um exemplo.
Os países da Zona do Euro que o digam.
Sem falar das farmacêuticas na Amazônia.
Então muito cuidado.
Temos muito o que aprender com eles, sim.
E muito o que criticar.
Não foi o governo, ou o povo alemão, que ganhou.
Foi a seleção.
Com todos os méritos.
A seleção brasileira também foi ruim.
Mas não é a pior da história.
Ganhou alguns jogos.
Uns mais fáceis, uns mais difíceis.
Chegou até a semi-final.
Depois foi um desastre, verdade.
Mas já fez campanhas piores.
Tinha bons jogadores.
Alguns muito bons, como o Neymar.
Outros nem tanto, como o Bernard.
Mas, no geral, eram bons.
Nada mais do que isso.
Perderam.
Como acontece com 31 times por Copa.
Em casa.
Como aconteceu com a Alemanha em 2006.
Isso, a grande Alemanha.
Responsável pelo único verdadeiro extremo da Copa.
Os 7 x 1.
Pior derrota da seleção brasileira na história.
Pior exibição.
Pior jogo.
Não pior Copa.
Nem tudo é extremo.
O Zuñiga, por exemplo.
Não é um santo.
Nem a personificação de Satã.
Entrou duro na jogada.
Possivelmente na maldade.
E tirou o Neymar da Copa.
Não é o maior mau-caráter da face da terra.
Não foi o primeiro lance assim no futebol.
Nem o último.
E nunca ninguém foi preso por isso.
Como muitos gostariam.
Mas foi no Neymar.
Por isso a proporção de tudo.
Criada por nós mesmos.
E pelo talento inegável dele.
O Zuñiga errou.
Mas não merece ser banido do esporte.
Nem um abraço fraternal do Neymar.
Sejamos justos.
Outro foi o Suárez.
Tido como um animal.
Um sociopata descontrolado.
FIFA nele!
A pior cena de todas as Copas.
Calma.
Realmente, foi estranho.
Não é um comportamento normal.
O juiz não viu?
Tira ele de um, ou dois jogos.
Não precisa transformá-lo num assassino.
Nem no herói nacional que virou no Uruguai.
Não somos os únicos a exagerar.
A Copa foi dos extremos em todos os sentidos.
Inclusive sobre ela mesma.
A Copa das Copas.
A melhor de todos os tempos.
Na organização e na bola.
Menos.
O governo negava.
Mas temia-se um desastre na organização.
Não foi.
Funcionou bem.
Não perfeitamente.
Afinal, nada é extremo.
Mas deu certo.
A mesma coisa no futebol.
No começo empolgou.
Muitos gols, vibração, alegria.
Bons jogos.
Mas ficou na primeira fase.
Depois, faltaram gols.
Sobraram empates.
Foi muito 0 x 0, 1 x 0, 1 x 1.
Muita disputa de pênaltis.
Que é legal.
Mas não todo jogo.
Fazendo um balanço.
Não foi a melhor Copa de todas.
Muito menos a pior.
Se é que existe essas coisas.
Mas a Copa foi ótima.
Como, alias, são todas.
Com uma diferença.
A expectativa dessa era enorme.
Principalmente aqui no Brasil.
E talvez por isso tanta empolgação.
Tanto exagero.
Tanta paixão.
Talvez por isso tenha sido a Copa dos Extremos.

Um comentário:

Anônimo disse...

A copa do Brasil só poderia ser dos extremos, afinal, quer país mais extremista que esse? É uma mistureba de gente, cultura, opiniões... não que em outros lugares não sejam, mas aqui tá de parabéns :P