quinta-feira, 10 de julho de 2014

Brasil, Alemanha e Argentina



O clima estava estranho.
Todos estavam meio resignados.
Já perdemos, muitos diziam.
Tentei ser confiante.
Analisar positivamente.
Apostar em alguns jogadores.
Cheguei a acreditar no que dizia.
Mas o clima seguia pesado.
Não era a mesma festa de antes.
O primeiro gol parecia esperado.
Mas mantive as esperanças.
Falhamos, acontece.
O segundo foi a ducha de água fria.
Aos poucos ainda quentes.
Como eu.
E de repente já estava cinco.
Não deu pra ficar triste.
Não deu pra ter raiva.
Não deu pra entender.
Fiquei meio atordoado.
Juro que pensava na virada.
No quão espetacular seria.
No intervalo, caí na real.
Comecei a rir do que acontecia.
Fazer piadas.
Não era de nervoso, não.
Ria pois entendia melhor.
Entendia que já tinha ido.
Que, afinal, era apenas um jogo.
Envergonhava um pouco, verdade.
Mas não era o fim dos tempos.
Gosto muito de Copa.
Gosto muito de futebol.
Não apenas como diversão.
Levo mesmo a sério.
Mas não acho que foi um castigo ao povo brasileiro.
Nem que a derrota em campo reflete nossa sociedade.
Foi, sim, uma boa lição.
Uma lição de como não gerir um projeto.
De como não lidar com as expectativas.
De como não planejar.
Diferente da Alemanha.
Que monta seu time há pelo menos oito anos.
Que jogou em 2010 pensando em 2014.
Indo, aliás, muito bem nas duas.
Sempre fui péssimo planejador.
Cumpro muito pouco com o que planejo.
E acabo fazendo as coisas na correria.
Mas tenho que admitir uma coisa.
As poucas coisas que faço com calma, paciência.
As coisas que mastigo por um tempo, reflito.
Me deixam mais satisfeito ao final.
Sendo assim, deveria torcer pra Alemanha.
Não pela babaquice do “planejamento versus jeitinho”.
Mas pela persistência.
E pela realização de um projeto.
Sinto informar, porém, que não será assim.
A Copa foi sensacional por um motivo.
Pela força dos latino-americanos.
Pelo bom futebol colombiano.
Pela raça uruguaia.
Pela tática chilena.
Pelo fenômeno Costa Rica.
Pela eficiência do Messi.
O campeão tem que vir daqui.
Mas não é só isso.
É hora dos europeus pararem de ganhar.
De serem os reis da cocada preta.
De serem os eternos exemplos a serem seguidos.
Já ganharam as últimas duas.
É hora de voltarmos a dar as cartas no futebol.
Mesmo que seja a Argentina.
Conheço poucos argentinos.
Mas gosto dos que conheço.
E admiro a postura dos argentinos.
De sempre acreditar e incentivar.
De sempre peitar as autoridades.
De sempre levar tudo com emoção.
Por isso tudo, estou com vocês, hermanos.
Mas, caso percam, me perdoem.
Futebol é futebol.
E a piada é inevitável.
O Facebook se encarregará.
Se ganharem, ótimo.
Se perderem, melhor ainda.
Só não me perguntem sobre o jogo de sábado.
Vou assistir por obrigação moral com o futebol.
Mas não há nada mais sem graça que essa idéia estúpida.
Disputa de 3º e 4º.
Deprimente.
Pior que isso, só tomar de 7.
Da Argentina.

Um comentário:

Lika FRÔ disse...

E meu avô ainda achava que o Brasil faria 8X7, isso sim é ser brasileiro e não desistir de acreditar nem nos 45 do 2º tempo hahaha... E eu vou ter que assistir a disputa deprimente do Brasil X Holanda porque você estará comigo hahaha, mas não é nenhum sacrifício :P